Data de publicação: 08/09/2020
Dor súbita e intensa no lado direito do abdômen, podendo vir acompanhada de enjoo, vômitos e intestino preso; com duração entre 30 minutos e uma hora e que normalmente surge após as refeições, mas passa algum tempo depois de finalizada a digestão, pode ser um sinal de pedra na vesícula, ou cálculo biliar. Os cálculos são pequenas pedras que se formam na vesícula biliar, órgão localizado no fígado onde fica armazenada a bile, substância que auxilia o processo de digestão das gorduras.
“Há dois tipos de cálculos”, explica o cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Nelson Liboni. “Os cálculos de colesterol, que ocorrem em 80% dos casos, e os pigmentares, que correspondem aos demais 20%. O primeiro caso ocorre ou por uma alteração na composição da bile ou pela vesícula discinética, a chamada vesícula preguiçosa, que não se contrai o suficiente para expulsar a bile do fígado para ajudar no processo de digestão das gorduras”. Já os cálculos pigmentares são mais comuns em crianças com doenças hematológicas.
Cerca de 80% dos pacientes são assintomáticos, e destes, 30% podem começar a desenvolver sintomas em dez anos. Aproximadamente 30% a 40% manifestam cólica biliar com dor na parte superior direita do abdômen e dor no estômago que se irradia para as escápulas, geralmente quando a pessoa está em jejum prolongado ou após uma refeição.
“Em torno de 18% a 30% têm a primeira manifestação da doença com uma de suas complicações, como a coledocolitíase (presença de cálculos nos ductos biliares), colecistite aguda (inflamação da vesícula biliar), colangite (inflamação de um ou mais canais biliares), pancreatite aguda (inflamação do pâncreas) e carcinoma de vesícula (câncer de vesícula).
Sintomas inespecíficos como náuseas, vômitos, desconforto abdominal, intolerância a alimentos gordurosos, alteração do ritmo intestinal, flatulência, dispepsia, boca amarga, cefaleia, entre outros, são alertas para a possibilidade de cálculos biliares.
Segundo o Dr. Liboni, a pedra pode surgir quando o colesterol produzido pelo fígado é insolúvel em água. Outro fator seria um menor esvaziamento vesicular, o que muda o pH da bile, contribuindo para o surgimento dos cálculos. Já os cálculos pigmentares são consequência da hipersecreção de bilirrubina secundária a hemólises (doenças como anemia falciforme e talassemia), ou por hipomotilidade da vesícula, cirrose hepática, nutrição parenteral prolongada e infecção biliar.
“Alguns fatores podem alterar a composição da bile e contribuir com a formação das pedras, como hereditariedade, sexo (quatro mulheres para um homem, devido ao uso de anticoncepcionais, da gravidez e da menopausa), envelhecimento, obesidade, cirurgias bariátricas, diabetes, dieta pobre em fibras, uso de medicamentos para reduzir o colesterol e os triglicérides”, diz o Dr. Liboni.
O tratamento clínico, diz o médico, não é utilizado por apresentar baixos resultados. “Recomenda-se a retirada da vesícula biliar com os cálculos, um procedimento chamado colecistectomia, que pode ser realizado por cirurgia laparoscópica ou robótica em pacientes assintomáticos e sintomáticos com baixa morbidade e mortalidade.”
Os pacientes, se não operados, correm o risco de complicações graves como colecistite aguda; fístulas; sangramentos e infecções; colangites; pancreatites, entre outras, aumentando a mortalidade para mais de 7% a 15%. “Somente pacientes com contraindicação clínica grave, como doenças cardiovasculares e cirrose hepática, devem ser tratados clinicamente. A cirurgia, nesses casos, só é indicada quando há complicações”, finaliza Dr. Liboni.
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